A casa da malta era um edifício que servia para o alojamento dos mineiros provenientes de outras regiões e lugares distantes de São Pedro da Cova. A chegada de trabalhadores de zonas rurais do Douro, Tâmega, Sousa e outras, colocava problemas de alojamento. Estes foram em parte resolvidos com a construção de casas da malta. Os trabalhadores permaneciam aí durante a semana de trabalho, regressando às aldeias nos dias de descanso.
A única casa da malta ainda existente é o atual museu mineiro, em Vila Verde, da autoria do engenheiro Barreiros Leal, que se encontrava, na época, ao serviço da Companhia. Edificada em 1963/64, apresenta já uma construção moderna, com estrutura em betão. Foi desenhada de modo a adaptar-se à forma do terreno. Revela na sua planta uma simetria quase perfeita, que só na zona dos espaços comuns e no respetivo alçado deixa de existir. A sua forma parece ter sido inspirada no, já então existente, centro de saúde. É um edifício com dois pisos onde a escada se assume como um elemento quase escultórico e o mais importante na organização do espaço. No piso térreo localizavam-se a sala de leitura e de jogos, a arrecadação de bicicletas, lavatórios, sala de refeições, cozinha, quartos de banho, arrecadação de lenhas e dormitório com 24 quartos. O 1º piso tinha capacidade para 28 camas (ou quartos). As condições de alojamento eram reduzidas. Os quartos (pequenas celas) tinham dimensões muito reduzidas, com área suficiente para pouco mais que a respetiva cama. Na sua maioria os quartos possuíam uma janela, acima do campo de visão, talvez por razões de privacidade, embora alguns mineiros afirmassem que era mais uma forma de opressão. “As janelas muito altas, fora do alcance e dispostas numa frequência irritantemente regular, deixam perceber os ambientes opressivos de outros tempos, numa imitação perversa das galerias subterrâneas.”
Com o encerramento da Companhia das Minas de Carvão o edifício fica ao abandono até 1987, ano em que é adquirido pela Junta de Freguesia de São Pedro da Cova. O edifício encontrava-se em estado de degradação, mas que pelo seu interesse histórico e arquitetónico justificava a recuperação integral e devida reutilização, para não falar da carga emocional que lhe confere valor simbólico que importava não perder com o encerramento da mina e consequente alteração do quadro laboral, social e cultural que caracterizava a freguesia. A proposta de intervenção consagrou o princípio da reutilização do edifício sem alterações significativas da sua identidade, mais adequando as suas funções às disponibilidades existentes que ciando espaços adequados às novas funções. É assim que no programa destacam-se, no piso inferir, a área administrativa, o bar, a área de convívio e gabinete de apoio aos antigos operários mineiros, a biblioteca, e sanitários, estando a maior área destinada ao Museu da mina, e no piso superior área de exposição, uma zona de reuniões, um espaço destinado ao arquivo documental e uma memória do primitivo uso, através da presença física, algo desintegrada com as respetivas enxergas. Ao longo de 20 anos o espaço foi perdendo a dinâmica inicial, tornando-se cada vez mais num “depósito”, apresentando apenas uma coleção visitável, cujo público-alvo passaria a ser somente antigos operários mineiros e seus familiares. Em 2009, novos objetivos são traçados para este espaço e começam a ser disponibilizados vários serviços, entre eles: serviço educativo e documental, bem como a organização exposições temporárias, conferências, formações, e outras. Esta nova dinâmica rapidamente esbarou com várias dificuldades impostas pelo edifício e pelo estado de conservação em que se apresentava, sendo necessário a elaboração e aplicação de um projeto de beneficiação do edifício e reorganização dos espaços tendo em conta as necessidades museológicas. É em 2012 que se dá este passo, com a Liga de Amigos do Museu Mineiro a elaborar um projeto aplicado pela Junta de Freguesia de São Pedro da Cova que poder ser visitado a partir do dia 25 de Abril de 2012.