Fachada prO Museu Mineiro funciona no seguinte horário: 3ª feira a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, estando encerrado ao domingo, 2.ª feira e feriados.

Com a descoberta de carvão mineral, no final do século XVIII, a freguesia de São Pedro da Cova desenvolve-se a partir de uma economia industrial, deixando para segundo plano a agricultura.

Desde logo se construíram e reconstruíram infra-estruturas de apoio à exploração mineira nesta zona, recorrendo-se à utilização de meios, técnicas e materiais mais sólidos e adequados à época para a construção dos vários edifícios dispersos por toda a freguesia: edifícios industriais, sociais e de habitação, mas também meios de transporte do minério para os locais de distribuição e/ou consumo.

De entre todas as infra-estruturas mineiras construídas na freguesia, ainda hoje, se destaca o antigo complexo mineiro, onde se centram os edifícios de tratamento e expedição de carvão. O complexo mineiro encontra-se a oeste da Serra de Valongo, na zona de Vale do Souto, numa área ainda rural, com algumas habitações envolventes, cuja maioria, pertenciam à Companhia das Minas de Carvão de São Pedro da Cova, empresa detentora da concessão mineira. 

A hegemonia das minas de carvão de São Pedro da Cova termina em meados dos anos 50 do século XX. As medidas tomadas pela Companhia e pelo Estado não resolveram os problemas da empresa, vendo-se comprometida a encerrar portas em Março de 1970, essencialmente em virtude da competitividade de outros combustíveis (fuelóleo e petróleo); necessidade de novos investimentos tecnológicos devido à maior profundidade das camadas de carvão. O encerramento das minas colocou fim aos hábitos e vivências que estavam enraizados na população que se vê agora obrigada a dirigir-se para a cidade do Porto à procura de novo emprego.

Entre 1970/72, a Companhia das Minas de Carvão de São Pedro da Cova, manteve alguns operários para desmantelamento do complexo mineiro - o ferro, aço, chapa e madeira foram retirados e vendidos para gerar dinheiro. Esta acção ajudou ao aceleramento de degradação em que hoje se encontram todos os edifícios do complexo, para além do estado de abandono em que se encontra.
Criado em 1989, numa das antigas Casas da Malta, o Museu mineiro de São Pedro da Cova tem como missão a valorização, divulgação e dinamização do património geológico e mineiro de São Pedro da Cova. Se inicialmente constituiu um polo atrativo à comunidade local e nacional, ao longo do tempo foi diminuindo a sua capacidade de atrair público. Em 2008 é aplicado um plano de dinamização do espaço, que teve início com a catalogação e inventariação dos objetos e a reorganização da exposição permanente, continuando com a realização de vários eventos: exposições temporárias; oficinas; formações; colóquios e palestras; concertos; entre outras.

Uma iniciativa da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), que entre outros objetivos visa a valorização dos recursos locais e o seu posicionamento geográfico, bem como possibilitar a construção de itinerários e de rotas pessoais e fornecer informação “logística” de apoio ao visitante, lançam no ano de 2009 o Roteiro de Minas e Ponto de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal, que poderá consultar aqui, ao qual  a Junta de Freguesia se associou como parceira, através do Museu Mineiro de São Pedro da Cova.

É com esta nova dinâmica, e com a resposta positiva do público, que a Junta de Freguesia avança com um projeto de reestruturação do edifício de forma a adapta-lo às necessidades museológicas. Projecto elaborado pela Liga de Amigos do Museu Mineiro que identificou as necessidades e avançou com uma proposta de reabilitação do edifício e do conteúdo museológico, já colocado em prática. Novos desafios são lançados com a criação do Centro de Documentação e Biblioteca sobre Minas e Geologia.

A casa da malta era um edifício que servia para o alojamento dos mineiros provenientes de outras regiões e lugares distantes de São Pedro da Cova. A chegada de trabalhadores de zonas rurais do Douro, Tâmega, Sousa e outras, colocava problemas de alojamento. Estes foram em parte resolvidos com a construção de casas da malta. Os trabalhadores permaneciam aí durante a semana de trabalho, regressando às aldeias nos dias de descanso.

A única casa da malta ainda existente é o atual museu mineiro, em Vila Verde, da autoria do engenheiro Barreiros Leal, que se encontrava, na época, ao serviço da Companhia. Edificada em 1963/64, apresenta já uma construção moderna, com estrutura em betão. Foi desenhada de modo a adaptar-se à forma do terreno. Revela na sua planta uma simetria quase perfeita, que só na zona dos espaços comuns e no respetivo alçado deixa de existir. A sua forma parece ter sido inspirada no, já então existente, centro de saúde. É um edifício com dois pisos onde a escada se assume como um elemento quase escultórico e o mais importante na organização do espaço. No piso térreo localizavam-se a sala de leitura e de jogos, a arrecadação de bicicletas, lavatórios, sala de refeições, cozinha, quartos de banho, arrecadação de lenhas e dormitório com 24 quartos. O 1º piso tinha capacidade para 28 camas (ou quartos). As condições de alojamento eram reduzidas. Os quartos (pequenas celas) tinham dimensões muito reduzidas, com área suficiente para pouco mais que a respetiva cama. Na sua maioria os quartos possuíam uma janela, acima do campo de visão, talvez por razões de privacidade, embora alguns mineiros afirmassem que era mais uma forma de opressão. “As janelas muito altas, fora do alcance e dispostas numa frequência irritantemente regular, deixam perceber os ambientes opressivos de outros tempos, numa imitação perversa das galerias subterrâneas.”